Livro -
LEMOS, Carlos – Arquitetura Brasileira. São Paulo. Ed. Melhoramentos.1979
.:.O CASO DO BARROCO MINEIRO.:.
“Minas é fruta paulista”
· Primeira metade do século XVII – pouco se sabia (os paulistas) sobre a região de Minas, muito menos da riqueza que possuía. Aos poucos vão penetrando na região sob o pretexto de buscar índios para a mão-de-obra açucareira nordestina.
· 1674 – a bandeira de Fernão Dias Pais, parte para o sertão em busca “das minas”.
Foi quem abriu caminho para que paulistas, em geral e, especialmente aqueles de Taubaté explorassem a região.
· Fim do século XVII – ouro descoberto...e as notícias correm.
· Filho de Fernão Dias Pais abre caminho de Minas ao Rio de Janeiro, facilitando o
acesso a região aurífera, além de marcar um encontro de pessoas, as mais diversificadas que estavam procurando a mesma coisa.
· multidão entupia os garimpos – escravos vieram (mão-de-obra), grande disponibilidade devido ao declínio açucareiro,
· Minas passou a produzir muito ouro e bastantes mulatos.
- brancos - classe dominante e orientadora – aversão ao trabalho manual
- mulatos – executava e criava obras de arte, deixou o trabalho pesado para os negros, herdou o conhecimento dos brancos, transmitindo-o para a sua própria personalidade. Surgia uma obra tipicamente brasileira.
Irmandades Religiosas
Em Minas a fixação de ordens religiosas e respectivos conventos não foi permitida. Os padres mineiros, que viviam entre o povo, também buscavam o ouro – também eram vigiados pelo governo, que zelava pelo ouro do Rei, e para isso Minas foi isolada. E lá dentro a sociedade se fragmentou em irmandades religiosas – “Irmandades brancas, pretas e mulatas, as quais pela própria condição econômica e social, desvirtuavam-se no seu sentido originário e transformavam-se em instituições de classe”.
Havia preconceitos e conflitos entre as irmandades e o padre se reduzia quase a simples empregado, quase sem autoridade nos templos.
Arquitetura
· Irmandades – impulsionadoras da arquitetura em Minas, em geral bastante ricas.
· Paulistas – orientar as primeiras construções – apelando a experiência indígenas ou mamelucas dos bandeirantes.
· Foi tentada a taipa de pilão (técnica sabidíssima de São Paulo) – não deu certo em Minas.
· A lógica prevaleceu ; técnica das estruturas autônomas de madeira, cujos vãos eram preenchidos por taipa de sebe com paus-a-pique - “ taipa de mão”. As construções iam vencendo os declives, além de concluir-se que a melhor coisa era construir muros de alvenaria de pedra.
· Imensas igrejas foram construídas, e trabalhavam juntos pessoas de diferentes origens e estágios culturais.
· Contraste entre os exteriores simples e os interiores elaborados.
Ex:. Igreja de Nossa Senhora do Ó
Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Sabará
Sé de Mariana
Igreja do Carmo de Diamantina
· escultores, entalhadores, marceneiros, estofadores, pintores e douradores tinham uma linguagem mais descompromissada da técnica construtiva, do “modus faciendi”, tinham mais liberdade de expressão, ao contrário dos pobres construtores tão presos ao racionalismo nada teatral das estruturas autônomas de madeira.
· A duras penas conseguiu-se a harmonização externo-interno, uma nova e autêntica expressão do barroco estava sendo criada.
· A integração das artes características do barroco mineiro, só foi possível com o trabalho sistemático em equipe experimentando materiais do local e suas aplicações ideais, aperfeiçoando a arte de construir.
Arquitetura – Igrejas
- as irmandades favoreciam o surgimento de artistas;
- partido das igrejas: duas torres cilíndricas nos flancos dos frontispícios, quase que soltas, nave única, o coro em cima da entrada tendo ao fundo a comprida capela-mor ladeada por dois corredores com destino à sacristia. Entre a capela-mor e a sacristia, a escada que levava ao salão superior de reuniões das irmandades.
Arquitetura – Obras Públicas
- não houve a mesma intenção plástica como nas igrejas
- projetos emanavam do governo, totalmente alheio às especulações artísticas dos criativos colonos
Arquitetura – Residências
- desníveis internos entre os vários pisos (topografia)
- esquema básico das plantas era o mesmo das moradas de outras cidades brasileiras
· cidades mineiras: populações de origens heterogêneas
· complexo cultural ímpar, onde as artes em geral estavam sempre presentes
Aleijadinho – Antônio Francisco Lisboa
- responsável pela definição última do barroco mineiro
- foi escultor e entalhador
- colaborou com as irmandades no sentido de equacionar a priori os projetos aos seus planos decorativos
1774 – projetou a Igreja de São Francisco de Assis, em São João del Rei
1774 – refez projeto da fachada da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto – obra que constitui o mais alto ponto do barroco mineiro
Com a gradativa exaustão das minas e com os sucessos políticos que culminaram com a Inconfidência houve uma espécie de esvaziamento das Gerais e , assim, truncada a evolução artística ali ocorrida. A experiência mineira não pôde ser transmudada. A matéria-prima só havia ali e o artista mineiro sem a pedra-sabão nada produzia fora de suas paragens.
Obs: para você que não é uma de nós três, integrantes da JAM estúdio (Juja, Dindi e MK), saiba que este texto é um fichamento descarado para fins didáticos pessoais do livro de Carlos Lemos, disponível no xerox do DAFAM (DA da Universidade Presbiteriana Mackenzie). Mas mesmo assim, não duvide da nossa credibilidade criativa. Agradecemos a compreensão,
Juja.
29 de abril de 2005
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